O ABORTO

Marisa tinha dezoito anos quando começou a cursar nutrição em uma universidade próxima de sua casa. E foi no campus que ela conheceu Eduardo e se apaixonou por ele, e já no segundo semestre, estavam namorando.
Porém, foi no seu segundo ano de faculdade que aconteceu. Marisa descobriu-se grávida, e ficou apavorada. Ela não queria um bebê aquela altura do campeonato. Ela estava já no terceiro período de nutrição, queria fazer muitas coisas e não queria estar grávida naquele momento.
Ela contou da gravidez para Eduardo, e em seguida lhe disse que queria tirar o bebê. Eduardo ficou muito triste e se impôs:
- não quer? Tem, e me dá.
Ele disse, com lágrimas nos olhos:
- Como você tem coragem de falar uma merda dessas? A gente fez esse filho, e por que tirar seria a melhor solução, Marisa?
- Porque sou muito nova, e ainda...
- Não tem ainda!
Ele aumenta a voz:
- Se continuar com essa ideia maluca, tu pode esquecer que somos namorados, ouviu?
E foi o que aconteceu. Marisa tomou vários chás, fez de tudo, já que uma clínica de aborto clandestina estava difícil encontrar. Ela conseguiu abortar faltando poucos dias para ela completar doze semanas.
Ela seguiu sua vida na faculdade. Tentou voltar com Eduardo mas ele não a queria mais, e a tratava como assassina. Ela sentiu muito, pois, amava muito Eduardo, mas ficava triste por ele nunca ter aceitado a sua decisão.

Marisa finalmente se forma, e foi trabalhar em um grande hospital da cidade. Teve sucesso em sua vida profissional e adorava o que fazia, e já nem se lembrava mais do aborto que cometeu, e nem mesmo de Eduardo. Cada um estava seguindo sua vida como deveria ser. E foi aí que Marisa conheceu o homem que viria a ser o seu futuro marido. Valdir era o nome dele. Eles começaram a sair juntos até que começaram a namorar, noivaram, e casaram.
Agora, com trinta anos, casada e bem sucedida na vida, Marisa começou a tentar engravidar. Levou um pouco mais de um ano até que ela teve o tão sonhado positivo. Foi uma festa! Valdir contou para a família toda, ela também, e até jantar fora foram, tamanha era a felicidade daqueles dois.
Porém, o pesadelo de Marisa começaria a partir daquela noite. chegaram em casa felizes e cansados, e já foram se preparar para dormir. E foi nesta noite, que Marisa teve um sonho.
No sonho, uma menina que aparentava ter seus sete anos de idade se aproximou dela na cama. Era uma menina muito parecida com ela, cabelos loiros, mas algo era muito diferente. Seus olhos transmitiam um sentimento terrível de raiva e seu rosto era muito pálido, mais pálido que um papel. Essa garotinha se aproximou dela, e pôs a mão em sua barriga enquanto a olhava com ódio. Marisa queria falar algo, mas na hora que ela tentou falar, a menina desapareceu como uma fumaça e ela acordou, muito assustada.
Marisa foi ao banheiro e em seguida, tomaria uma água. Eram exatas três da manhã quando ela acordou assustada com aquele pesadelo, e ao chegar no banheiro, ela viu sangue em sua calcinha. Passou o papel, e mais sangue veio. Ela ficou desesperada e chamou Valdir. Ela precisava ir ao hospital.
Já no carro, ela começou a sentir as cólicas que ficavam cada vez mais fortes, e quando chegou no hospital, ela estava encharcada de sangue. O obstetra plantonista que estava por lá a examinou e lhe deu a notícia mais triste de sua vida. Ela havia perdido o bebê, faltando pouco para ela entrar no terceiro mês:
- Os abortos na primeiras gestações são bem recorrentes.
explicou o médico, enquanto Marisa chorava naquela sala. Ela não queria saber de mais nada, e tudo que ela mais queria era engravidar novamente e realizar seu sonho de ser mãe.
Alguns meses se passaram, e numa certa noite, Marisa sonhou com a mesma menina, só que agora, ela aparentava ter uns onze anos de idade. Ela desta vez, estava com um sorriso no rosto, e com a mão fechada bem forte, uns três centímetros acima de seu baixo ventre.
Marisa mais uma vez, acordou super assustada, mas foi para o trabalho. Ela sentiu dores de cabeça naquele dia. No outro dia, amanheceu enjoada, e no outro, sua menstruação atrasou. Super ansiosa, ela foi comprar um teste de gravidez que deu negativo. Esperou mais três dias de atraso e fez o teste de novo e sim, ela estava grávida. só que, diferente da outra vez, ela e o marido não contaram para ninguém. Eles queriam esperar para ver se desta vez, tudo iria dar certo.
Marisa marcou a sua primeira consulta pré-natal e foi, muito feliz e ansiosa. Porém, durante a consulta, a médica olhou estranho para ela, e para o monitor. Olhou estranho para ela, e para o monitor do ultrassom. Fez isso até dizer:
- Eu... Não sei como te dizer, mas você precisa ir agora para o centro cirúrgico.
- Mas por quê?
perguntou Marisa preocupada:
- Você teve uma gravidez ectópica, e essa gestação não pode continuar.
 Mas por quê?
Perguntou Marisa, com lágrimas nos olhos:
- Porque ao invés do embrião se fixar no útero, ele está nas trompas, por isso ela não pode continuar. Uma gestação nas trompas pode trazer riscos principalmente pra você, que pode acabar perdendo todo o sistema reprodutor por isso.
Marisa desmaiou, tamanho foi o choque de mais uma gestação que não iria a diante. Ela acordou algumas horas depois, confusa devido aos medicamentos que ela tomou:
- Ocorreu tudo bem. A cirurgia foi um sucesso! Suas trompas não foram danificadas e você poderá tentar engravidar normalmente.
- Sucesso:
Perguntou Marisa:
- Vocês arrancam o meu filho de dentro de mim e isso foi um sucesso?
As enfermeiras se entreolham, e a médica então diz:
- Foi um sucesso termos conseguido salvar seu sistema reprodutor, o que te dará a chance de tentar engravidar novamente.

Marisa teve alta no dia seguinte. Ela parou de trabalhar e entrou em uma profunda depressão, e fez vários tratamentos com psicólogos para lhe dar com tudo aquilo.
Um pouco mais recuperada, ela voltou a ter relações com o marido, mas sem nenhum tipo de proteção. Ela não ia parar até conseguir o seu tão sonhado objetivo.
Engravidou seis meses depois, e ficou feliz quando conseguiu passar das doze semanas, onde as chances de um aborto espontâneo diminuía a quase zero. Ela espalhou pra família toda, ela oficialmente estava grávida.
Mas, quando ela completou vinte e duas semanas de gestação, ela notou que sua barriga não crescia mais, o que a deixou bastante preocupada. Ela então teve um sonho. No sonho, ela recebia de um médico um ultrassom de seu bebê de cinco para seis meses. Mas, ela podia notar nitidamente no pescoço dele, umas marcas que pareciam ser de mãos.
Ela acordou preocupada com aquele sonho estranho, mas logo o esqueceu porque estava preocupada com sua consulta.
Chegando no consultório, a médica lhe fez a seguinte pergunta:
- Já sentiu os movimentos do seu bebê?
Ela faz que não:. A médica arregala os olhos:
- Já era pra você está sentindo. Deite ali na maca por favor.
Já preocupada, Marisa assim o faz. A doutora então, começa a mexer em sua barriga, mas nada. Ela pega um aparelho e tenta ouvir os batimentos, mas ela nada ouve além dos batimentos de Marisa. A médica então, manda ela fazer uma ultra de emergência para entender o que estava acontecendo, e lá foi confirmada a morte fetal.
Vários exames foram feitos, mas os médicos não souberam explicar o porque de o bebê ter morrido.
Marisa foi induzida ao parto normal, passou por todas as dores do parto para ter em seus braços, um bebê morto. Ela ficou com ele por alguns segundos. Era um menino, que ainda nem tinha um nome.
Foi mais um choque. Porém, desta vez, ao invés de tentar engravidar, Marisa foi uma igreja, e confessou ao padre que ela havia cometido um aborto quando era muito jovem. Ela lhe contou dos sonhos, e o padre jogou uma água benta em sua barriga e disse:
- Eu abençoo o seu útero em nome de Jesus! A sua próxima gestação seguirá em frente, e você terá um bebê forte e saudável nos braços, pois, Deus já te perdoou pelo seu pecado porque sabe o quão grande é o seu arrependimento.
Marisa então, chora:
- Quando você sonhar com essa menininha novamente, peça perdão a ela e a mande ir embora, mande-a seguir a luz, porque ela está presa a este mundo, virou um espírito vingativo e quer se vingar de você por não ter a deixado vir ao mundo.
O padre tirou de uma bolsa um crucifixo e molhou com água benta, e deu a ela dizendo:
- Quando você descobrir que está grávida novamente, sempre reze um terço com este crucifixo em cima da sua barriga, sempre antes de você dormir. Não passe um dia se quer da gestação sem fazer isso, viu? E deixe esse crucifixo o mais perto possível de você.
Marisa seguiu as instruções do padre, e ansiosa, ela voltou a tentar engravidar.
Engravidou quase dois anos depois, e tamanha foi a sua surpresa ao descobrir que eram gêmeos. Ela sempre fazia o que o padre havia pedido para ela fazer, e ela nunca mais sonhou com a garotinha. Ela não conseguia pedir perdão a ela porque ela não aparecia mais, mas, ela estava feliz com sua gestação.
Ela descobriu que eram duas meninas, e seu mundo ficou rosa. Ela e Valdir começaram a comprar muitas roupinhas rosa, lilás, com flores, decoraram tudo de forma bem feminina.
Mas, quando Marisa estava com oito meses de gestação, ela  viu. Ela não estava dormindo desta vez, estava acordada lendo um livro enquanto Valdir dormia ao seu lado. E foi quando ela viu com o canto dos olhos, a silhueta de uma menina de aproximadamente uns cinco anos. Ela olhou bem, e reconheceu a menininha de seus sonhos. A garotinha apontava para a sua barriga enquanto sorria. Marisa pegou o crucifixo e pôs sobre a barriga, e deu um grito:
- Saia daqui!
Valdir acordou com o grito de Marisa, e a abraçou enquanto ela  chorava:
- Você não deveria ter mandado ela ir.
Disse Valdir:
- Deveria ter pedido perdão a ela como o padre havia dito. Ai meu deus!
Naquela noite, Marisa e Valdir rezaram muitos pai nosso e tudo mais que era reza que eles sabiam fazer, e dois dias depois, Marisa tinha um pré-natal pra fazer.
Ela foi à consulta já apreensiva com o que ouviria da médica, e já não gostou da cara que ela fez enquanto a consultava. Ela descobriu que uma das meninas que ela carregava na barriga estava sem vida, e aquela gestação teria de ser interrompida para tentar salvar a outra que, por algum motivo, estava entrando em sofrimento fetal.
Levaram Marisa para a sala para fazer uma cesárea de emergência, e Valdir teve que correr contra o tempo. Foi às dezessete e quinze que os médicos trouxeram Alice ao mundo. A outra estava sem vida e Marisa, claro, chorou muito. Valdir trouxe três malas para a maternidade, a mala das duas bebês, e a mala de marisa, e ele que sempre esteve a todo momento ao lado da esposa, estava agora ali, chorando com ela a perca de uma de suas gêmeas, mas sempre agradecendo a deus por lhe terem permitido ficar pelo menos com uma das meninas.
Depois de três dias, Marisa foi para casa com Alice nos braços. Apesar de ela ter nascido um pouco antes do tempo, com trinta e seis semanas e três dias, ela era um bebê saudável que nem precisou de encubadora.

  Era uma bebê linda, que conforme passavam-se os dias, ela ficava ainda mais forte, parecendo até um bebê de comercial, de tão linda que ela era.
Marisa estava realizada, depois de tanta luta, ela estava realizada, e claro, triste pela perda de Aline, que era como se chamaria a sua irmã que perdeu a vida ainda no ventre.
marisa não mais viu o espírito da menininha que lhe assombrava a muito tempo. Talvez ela tivesse ido embora depois de ver que ela conseguiu se realizar como mãe. Mas, será mesmo que ela estava em paz e satisfeita com isso?
  Quando Alice estava com três anos de idade, ela já era bem esperta. Uma criança bastante comunicativa e que adorava as suas bonecas, mas, algo estranho acontecia com a menina. Marisa começou a perceber que ela olhava para a boneca e conversava como se a boneca estivesse conversando com ela. No início, Marisa não ligou, só achava que sua filha tinha uma mente muito fértil para uma menina de três anos de idade.
Mas numa certa vez, Marisa levantou para ir ao banheiro de madrugada e ouviu algo operturbador. Sua filha Alice estava conversando no quarto, e ela não poderia acreditar que a menina poderia estar acordada àquela hora da madrugada.
Pé por pé, Marisa foi até o quarto da menina e o que ela dizia era algo perturbador:
- Eu não posso matá-la! Ela é a minha mãe! E eu não quero mais bincar com vochê, vochê não é do bem, eu não quero matar a minha mamãe.
A garotinha então, começça a chorar, e Marisa não se contém e entra no quarto pegando a filha no colo e perguntando o que está acontecendo. Só depois de um copo com água e muito afago que a pobre garotinha de três anos conseguiu falar o que estava acontecendo. Ela disse:
- A boneca estava falando pra eu te matar. Ela diche que che eu não matar, que ela vai me levá.
- A boneca disse isso pra você?
A menina chora mais uma vez:
- Ela diche que vochê um dia matô ela, e que agola ela quer que vochê morra, ou eu, mas pra eu vivê, eu tenho que pegar uma faca, e... e...
A garotinha volta a chorar. Marisa estava pálida. Ela pegou a filha pela mão e a conduziu até o quarto, e a fez ajoelhar, para que juntas elas fizessem uma oração. A pobre criança não sabia fazer outra coisa a não ser chorar de tanto medo, e a todo instante, ela dizia que a boneca estava olhando para ela. Quando Marisa terminou de fazer todas as rezas que sabia, a menina falou:
- Mamãe, ela está dizendo que vai te matar.
- Não vai, minha filha. Faz um favor pra mamãe? Vai lá no quarto da mamãe e pega aquele crucifixo que a mamãe deixou em cima da mesinha, pega lá.
Quando a criança se afastou, Marisa pegou a boneca que sua filha se referia, e viu, através dos olhos da boneca, os olhos raivosos daquela menina, a mesma menina que aparecia em seus sonhos para matar os seus bebês. Tamanho foi o seu pavor quando a boneca começou a chorar lágrimas de sangue, e uma voz rouca e diabólica saiu daquela boneca dizendo:
- Oi, mamãe!
E em seguida, a boneca soltou uma gargalhada rouca e muito sinistra, mas Marisa se manteve forte:
- Você vai pagar caro por não ter me deixado conhecer o mundo.
A voz continuou. A boneca com uma força sobrenatural, esticou seus bracinhos e começou a enforcar a pobre mulher, que tentava a todo custo se defender, mas aquilo parecia ter a força de cem homens.
A mulher 
 caiu no chão já desfalecida quando ouviu sua filha gritar:
- Mamãe!
E junto dela, Valdir, que estava tentando reanimá-la. A boneca estava caída no chão, ao lado dela. Caiu quando Valdir colocou o crucifixo em sua testa:
- Amor? Amor você ta bem?

Ofegante, Marisa foi recobrando a consciência, e quando olhou para a boneca no chão, começou a gritar de pavor. Foi muito difícil para Valdir acalmar a mulher, mas ele conseguiu.
Naquela noite, Valdir, Marisa e a pequena Alice dormiram juntos no quarto do casal com as portas trancadas, enquanto ouviam barulhos estranhos que vinham do quarto da menina. Eram som de respiração, risadas, brinquedos que ligavam sozinho, uma barulhada sem tamanho. Marisa se agarrou forte no crucifixo que o padre havia lhe dado e passou toda aquela noite rezando.
No dia seguinte, o casal tacou fogo na boneca na esperança de acabar com aquele pesadelo, e por quase um mês, pareceu funcionar.
Mas, numa certa noite, Alice estava dormindo tranquilamente em seu quarto, e não  notou quando a tampa de seu baúde brinquedos se abriu lentamente, e uma outra boneca saiu de dentro dele. A boneca veio andando, subiu na cama, foi para cima da menina e começou a sufocá-la. A menina começou a se debater, tentava gritar, mas não conseguia. Uma risada baixa e sussurrada saía daquele inofensivo brinquedo, que agora se tornava ameaçador.
O instinto materno de Marisa lhe acordou. Ela havia sonhado com aquela mesma menininha enforcando sua filha no quarto e já foi correndo pra lá, e viu a menina se debatendo, e uma de suas muitas bonecas estava caída no chão. Ela pegou a filha nos braços, que estava ofegante procurando o ar:
- Ela tentou de novo!
Disse a menina:
- Mas ainda bem que a Aline me xauvô.
A mulher estremeceu:
- O quê?
- Quando vochê entrou no quarto, a Aline também entrô. Ela disse que me Xalvaria.
Marisa nunca tinha falado para a filha que ela tinha uma irmã gêmea que se chamaria Aline se esta não tivesse falecido ainda dentro da barriga, e emocionada, ela chorou junto à filha. A menina lhe contou que Aline adorava brincar com ela, e disse que um dia, ela iria entender o porque de Aline gostar tanto dela e de elas serem tão amigas, e o dia chegou. Sua irmã havia salvado-lhe a vida, fazendo sua mãe sonhar, e acordar para ver Alice.
mais uma vez, Marisa foi ao padre, e desta vez, sua filhinha e Valdir foram juntos, e contaram tudo que estava acontecendo:
- Aline está presa a este mundo justamente pelo perigo que a outra oferece, e não vai descansar enquanto a outra também não se for.
Explicou o padre. Eles fizeram orações, rezas, acenderam muitas velas pedindo para que aqueles espíritos fossem embora. Foi quando a janela da igreja explodiu, e um vento frio invadiu o local. Alice estava apontando para um canto:
- Ali, é ela!
Marisa olhou e viu, a mesma garotinha de seus sonhos, que tanto lhe atormentava a vida ali, em pé, aparentando agora ser uma garota de aproximadamente uns quinze anos. Ela estava com um sorriso malíguino no rosto. Chorando, Marisa então diz:
- Me perdoe querida. Me perdoe por eu não ter te deixado vir ao mundo. Eu era muito nova e não sabia o que faria se eu tivesse tido você naquela época.
 Perdoe a sua mãe!
Mais velas foram acesas, e o padre então disse:
- Encontre a sua luz e deixe esta família em paz!
De repente, ao lado de espírito da menina adolescente, apareceu uma outra garotinha, que aparentava ter a idade de Alice, e idêntica a ela. Ela segurou na mão da menina adolescente e disse:
- Você poderá brincar comigo.
Marisa, o padre e a menina viram. Valdir estava somente chorando e rezando muito pedindo a deus para dar um basta em tudo aquilo:
- Vamos dar as mãos.
Todos deram as mãos, e começçaram a rezar pai nosso, Ave Maria, e o espírito da moça adolescente estava agora chorando segurando na mão de Aline, e pela primeira vez, o espírito daquela menina adolescente sorriu, mas não era um sorriso maléfico desta vez. Era um sorriso amigável.
Uma luz forte paerou sobre os dois espíritos, e Aline abraçou a irmã adolescente que parecia não querer ir:
- Siga comigo! Teremos um lugar muito bonito para brincar!
A luz aos poucos foi consumindo as meninas, e em seguida, tudo voltou ao normal. Um alívio tomou conta de todos:
- Agora ela encontrou uma luz e foi embora.
Disse o padre:
- Será que ela me perdoou? Ela não estava muito satisfeita em sair.
Disse Marisa:
- Sim, ela sentiu muito não ter podido vir ao mundo, mas agora, ela vai ficar bem, e entendeu que ela não pertence mais a esse mundo.
Agora sim. a partir daquele dia, tudo voltou ao normal. Alice brincava com seus brinquedos e nada mais acontecia. E toda vez, sempre quando fazia aniversário a última vez que eles estiveram com o padre fazendo o espírito daquela menina encontrar a luz, eles acendiam uma vela, para trazer sempre uma luz a ela, porque se não, ela poderia voltar das trevas, e tudo poderia recomeçar.
Marisa voltou ao trabalho. Alice cresceu, e teve uma filha, e colocou nela o nome de Aline, em homenagem a irmã que lhe salvou a vida. Mas mesmo com o passar dos anos, a família não esquecia da vela da menina abortada, a vela era mais para ela, para que ela sempre tivesse luz em seu caminho para seguir em frente, e nunca ter trevas, pois isso poderia lhe fazer voltar, e nunca se sabe o que poderá acontecer, não é mesmo?
E assim termina a história de Marisa, que agora era uma mulher realizada, feliz junto ao marido, filha e a neta, neta esta pra quem ela contaria, juntamente com Alice e Valdir, a sua incrível história.


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