Minha primeira experiência com o Enem

Olá amigos! Bom dia a todos e que possam  ter um excelente início de
semana.

 Hoje eu quero falar sobre o meu final de semana e a minha
primeira experiência com essa mega prova que ocupa todo um final de
semana, o Enem.

Gente, eu nunca tinha feito essa prova na minha vida e, pela primeira
vez, no dia 5 de novembro de 2016, eu fui lá fazer a primeira provinha.
Provinha? Na verdade, um provão. Claro que, por eu ser cega, pedi uma
prova em braille, e para você que é cego e nunca fez a provinha do Enem,
preste a atenção nessas dicas. Você recebe dois livros em braille. Isso
mesmo, dois livros, algo absurdamente grande que vem até blindado, de
tão lacrado que o troço vem, rsrsrs. O espiral do troço é grosso,
parecendo um livro didático mesmo, sabe? É assustador! Mas calma, com a
ajuda de um ledor, tudo muda.
Deficientes visuais, Enemistas de primeira viagem como eu, não vão
passar por isso que eu passei, porque toda a informação que você precisa
saber e que não é te informada na hora da inscrição do Enem ou lá na
hora da prova, eu vou te passar.No primeiro dia da prova, eu acordei
tranquila, porque eu fui fazer o Enem só por experiência. Vou ser
sincera, eu não estudei nada, porque eu ia fazer só para eu saber como
é, né?
Cheguei lá, cheguei bem cedo porque eu não ia querer ser mais uma a
ficar pendurada no portão chorando e dando bengaladas nele para poder
entrar, por isso tem que chegar uma hora antes, quanto mais cedo chegar,
melhor. Bem, eu cheguei, e quando cheguei na sala que eu ia fazer a
prova, tinha uma mocinha bem simpática lá me esperando. Fiz a prova numa
sala exclusiva para mim, o que ajudou bastante. Eu cheguei, e a moça
começou a me pedir um monte de autógrafos. Gente, eu nunca assinei tanto
treco num dia só. Daí, vamos botar em prática as aulas de assinatura.
Assina cartão resposta, assina lista de presença, daí é oferecido a nós,
deficientes, um tempo adicional e você tem que assinar, depois você
assina o requerimento biométrico e depois, você tem que enfiar o dedão
polegar lá no adesivo e pronto, tá lá, a sua biometria depois de assinar
um trilhão de coisas. Depois, ela lacrou o meu celular. Que tristeza!
Nem meio-dia e quarenta era, e ela lacrou o meu celular, sendo que as
provas só começariam uma e meia da tarde. Mas tá, né? Manda quem pode,
obedece quem tem juízo, rsrs.
Nem na bolsa eu pude colocar o celular lacrado, ficou lá, na mesa bem
longe de mim. Daí, para passar o tempo eu fiquei conversando com a moça
e nem vi a hora passar.
Ah, importante! Para você, que é deficiente como eu, não necessariamente
visual, mas qualquer necessidade especial que você tenha, peça o tempo
adicional, que é uma hora amais que você tem para fazer a prova. É
sempre bom prevenir do que remediar.
Quando ela me entregou os dois livrões em braille eu pensei, pai amado!
Eu não vou conseguir terminar esse negócio, socorro! Mas bem, comecei a
fazer a prova, lendo tudo sozinha. Outro erro gravíssimo que eu cometi.
Gente, não tem condições de um cego fazer a prova lendo a provinha ali e
respondendo por si próprio. Mesmo que você esteja com a provinha em
braille ali, peça, pelo amor do pai eterno para o aplicador ou a
aplicadora que está com você, para ler as questões, porque o texto é
enorme, os textos do Enem são enormes, o que toma o tempo do cego que tá
lá, lendo o braille. Se a pessoa que está te aplicando a prova não
perguntar se você quer que leia, como aconteceu comigo, peça, é seu
direito! Porém, eu não sabia disso. Eu achava que, por eu estar com a
provinha em braille, automaticamente a pessoa não iria ler para mim, mas
não é assim que funciona. Nessa, de eu ler a prova toda sozinha, vocês
já sabem o que aconteceu, ou já imaginam! Eu não consegui terminar as
questões da primeira prova. De noventa, eu fiz 41 questões. Eu chorei.
Fiquei muito triste, saí de lá arrasada, e foi onde meus amigos disseram
para mim que eu tinha que ter pedido para a moça ler, que era mais
rápido e taus. Mas, o que me deixou mais feliz foi descobrir que, das 41
questões que eu fiz, 20 eu acertei. Nossa, que orgulho de mim! Mas,
apesar do transtorno, eu não posso deixar de falar que a pessoa que faz
a adaptação das provas do Enem está de parabéns! As descrições das
imagens são muito bem feitas, tudo bem explicadinho, bonitinho, está de
parabéns, quem adapta essas provas. E eu, particularmente , não achei a
prova tão difícil assim. O Enem quer que você saiba interpretar um
texto, entender o que está ali, sabe? E daí, você tem que ter saco e
paciência para ler textos e mais textos por cinco, seis horas direto.
Já a segunda prova eu consegui fazer ela toda, porque eu me informei e
foi onde a moça falou pra mim que eu poderia ter solicitado a leitura da
prova, que geralmente são os candidatos que pedem, blá blá blá, mas em
fim, em compensação ontem eu arranquei o coro dela, fiz ela ler toda a
prova pra mim, mas ela foi super gentil, disso eu não posso reclamar.
Achei a prova fácil até chegar na matemática, que eu não vou negar que
eu chutei. Chutei porque eu levei cinco horas para fazer a prova de
português e língua estrangeira e eu só tinha duas horas e meia para
fazer a prova de matemática, que é um verdadeiro saco. descrição de
gráfico? perfeita! Porém, muito extensa e e muita informação para uma
pessoa só. Se eu fosse parar para analisar tudo aquilo, não ia dar tempo
de novo e eu sabia disso. Ah, E como se já não bastasse você está tenso,
preocupado em acabar a prova no tempo, ainda fica uma contagem
regressiva na sua cabeça de meia em meia hora assim: Você tem 3 horas e
meia de prova! Você tem três horas de prova. Você tem duas horas e meia
de prova! Aaaaah, isso dá nos nervos, principalmente no dia que eu não
terminei a prova, que agonia!
Sobre a segunda prova, ainda não vi o gabarito para conferir com o meu
rascunho. aaaah, e falando em rascunho, fica aqui outra dica para você
que é cego. Leva a reglete e punção, o que for, para fazer o rascunho
das questões. Embora você fale as respostas para a pessoa colocar no seu
cartão resposta , faça o seu rascunho em braille pra você levar pra casa
junto com os livros que eles te dão pra você levar de recordação! Assim,
quando o gabarito sair, você pode ver o que você acertou e errou.
E é isso aí, essa foi a minha primeira experiência com o Enem, lembrando
que eu fiz por experiência, mas é importante que as pessoas saibam essas
dicas para não passarem pelo que passei, cometendo o erro que eu cometi
de nem sequer perguntar se a moça poderia ler a prova.
Agora, ano que vem, vamos fazer pra valer, e agora que eu sei tudo que
eu posso e o que eu não posso, e que você agora também sabe, vamos nos
dar muito bem!

E é isso aí, povão! Tenham todos um bom dia!

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